terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um por-de=sol


Hoje fui ao Rio Vermelho ver o pôr-do-sol.
Fui só pra ver, não para me banhar.
Sentei-me na areia para observar a paisagem, como quem se acomoda para assistir um grande espetáculo.
Em meu ventre, meu amor se recostava, enquanto o horizonte consumia minha atenção.
E eis que, entre os momentos em que eu me dividia entre o amor pelo homem e o amor pelo mar, um cardume branco saltou a minha esquerda. Ele não viu. Cintilavam no ar, recriando o circulo que forma o sol. E sumiram. Esperei, esperei, mas nunca mais neste dia os vi.
Mais adiante, agora `a minha direita, sobre as pedras, ela piscou. Rápida, pra só eu ver. Era ela, a sereia. Esperei, esperei, mas nunca mais neste dia a vi.

O sol já se recolhia, e a lua já se apresentava no céu.
Eu e meu amor nos recolhemos junto com o sol, guardamos nossas coisas e caminhamos de volta para o asfalto.
Eu não podia deixar de agradecer estes presentes.
Voltei, e na beira do mar, fechei os olhos e enviei-lhe meus pensamentos de admiração, agradecimento e ternura. E então,  recebendo minha oferenda imaterial, uma grande onda explodiu em minhas pernas, formada por uma maré que vinha da direita e outra de esquerda. Dois círculos que se fundiam em mim, e desenhavam na areia um coração. No centro, pulsava o meu, em júbilo e graça, assustado e agradecido.
De roupa agora molhada, e a alma lavada, voltei pra casa. 

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