terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pro interior


Estradas que correm pelo interior, e eu em buscas pelo meu interno.
Vou em busca do meu nome, de minha tribo, de minha alma, de minha terra de meu chão.
Pelas curvas que compõem esse caminho, vou entendendo  as formas de minha assinatura. Cada traço, cada gesto, cada linha que forma esse sobrenome, esse nome, essa vida.
É nessa estrada que esta minha caligrafia. É desse interior que me componho. Dessas estradas, dessa historia, desse barro, dessa gente. Porque essas terras conhecem meu passado. Essas arvores já viram meus avós, e me contam do tempo em que se levava tempo pra uma carta chegar... Mais rápido era ir pessoalmente, desejar uma boa noite, conhecer um parente recém nato ou se despedir de um recém falecido. Rápido, em termos, porque levava o tempo que durava, de maneira a esperar o tempo do jegue...
Esse céu então! Já viu foi coisa! Silenciosamente me observa, me segue, me acompanha, protegendo minha cabeça. Assim como fez com meus pais, avós, bisavós, tataravós, em todos os cantos desse planeta.
Pois se é nas tradições que me justifico, como posso não buscá-la?
Nesses dias em que o asfalto é vazio, é na terra que me reconstruo, de barro e água, que seca ao sol e vento. Me dou forma humana, me construo de dentro pra fora. Do interior pra todo o exterior. Passo por todas as fronteiras, barreiras e peneiras. Dissolvo os limites do físico e do abstrato, do homem e do animal, do mental e do espiritual. Sou eu a síntese dos mundos, dos opostos, das contradições e extremos. Um encontro das águas, terras fogos e ares em um coração palpitante e mente inquieta. São dedos, mãos, pernas, voz, alma e energia para contar essa historia. Minha história.

Um comentário:

  1. Juntando as peças, pro interior. Surpreendente... Bom estar por algum momento -que seja apenas o de correr os olhos por palavras – andando perdida por interiores de que não sei, mas que por beleza e curiosidade percorri ao te ler como cada pequeno lugar que já pude pensar em estar, como um segredo.

    É bonito, e é –pra mim- muito feliz sempre descobrir novas palavras em novas pessoas, legal!

    Lise

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